|
1 |
Total de visitas: 26707
O significado da Alquimia pode assumir diversas conotações de acordo com o contexto em que é aplicada e da forma como é interpretada. A alquimia pode ser considerada uma modalidade de ciência, talvez a mais antiga da história da humanidade, que originou diversas outras, inclusive a química contemporânea. Porém, não é possível classificá-la apenas como uma ciência. Isto porque, na alquimia, inclui-se diversos elementos místicos, filosóficos e metafóricos; além de uma linguagem simbólica e interpretativa. Assim, podemos classificá-la genericamente como uma antiga tradição que combina química, física, arte e ocultismo.
Por esse motivo, a alquimia também é classificada como uma ciência ou arte hermética. Neste caso,hermético é uma alusão direta ao lendário Hermes Tris- megistus e significa de difícil acesso e compreensão, reservado apenas para os Iniciados nas artes ocultas.
Esta camada de incertezas relaciona-se também quando se discute a origem da palavra. Alquimia pode ser originada no vocábulo árabe kimia, que por sua vez, deriva-se da palavra egípcia keme, que significa terra negra e era uma das formas usadas para referir-se ao Egito, país onde provavelmente surgiu a alquimia. Ainda, pode-se considerar que a palavra tenha surgido da expressão árabe al khen que tem raiz grega na palavra elkimya e significa o país negro. Também cogita-se uma origem direta no grego, na palavra chyma que se relaciona à fundição de metais.
Os preceitos da alquimia se encontram condensados na misteriosa Tábua Esmeralda. A esmeralda era considerada a pedra preciosa mais bela e com uma simbologia maior.
Uma das características principais dos tratados alquímicos é a linguagem complexa e rebuscada na qual são redigidos. Durante a Idade Média, isto poderia ser um recurso usado pelos alquimistas para que não fossem alvo da perseguição da Santa Inquisição. Porém, também é possível que os autores tentassem ocultar as fórmulas, de modo que apenas outros alquimistas compreendessem.
Símbolos e objetivos
Na linguagem alquímica encontra-se associação de símbolos astrológicos com metais. O Sol, por exemplo, é associado ao ouro; a Lua representa a prata; Marte associa-se ao ferro enquanto Saturno ao chumbo. Animais (mesmo mitológicos como o dragão) e suas características também são usados para definir os elementos e as substâncias e os processos ao qual são submetidos. O unicórnio ou o veado é usado para representar o elemento terra; o peixe representa a água; pássaros fazem referência ao ar e salamandras aludem ao fogo. Ainda, o sal é normalmente representado por um leão verde. A fase de putrefação do processo alquímico é representada por um corvo.
Esta simbologia alquímica é encontrada até mesmo mesclada com ícones do cristianismo medieval. Por exemplo, nas seculares catedrais góticas, há uma imensa combinação de imagens cristãs com animais, símbolos químicos e zodiacais.
De forma geral, pode-se definir três objetivos básicos da alquimia. O primeiro e, conseqüente- mente, mais importante é produzir a chamada Pedra Filosofal (ou mercúrio dos filósofos, entre outros diversos nomes) que seria uma substância obtida a partir de matéria-prima grosseira. Através da Pedra Filosofal seria possível atingir os outros objetivos, que seria a transmutação da matéria (metais inferiores transformados em ouro) e produzir o Elixir da longa vida, uma espécie de medicamento universal que tornaria a pessoa que fizesse uso, imune a qualquer doença. Os sábios alquimistas ocidentais afirmavam que a obtenção de ouro foi um fracasso pela falta de concen- tração e preparação espirituais dos que realizavam as experiências.
Ainda, entre os alquimistas, há uma idéia de criar vida humana de modo artificial. Ohomúnculo (do latim, homunculus, pequeno homem) seria uma criatura de aproximadamente 12 polegadas de altura que poderia ser criada através de sêmen humano colocado em uma retorta totalmente fechada e aquecida em esterco de cavalo durante 40 dias. Assim se formaria um embrião. Possivelmente, Paracelso foi o primeiro alquimista a divulgar este conceito.
Porém, é provável que a verdadeira intenção dos alquimistas era promover uma profunda mutação na alma e na natureza humana. Este objetivo fica camuflado sobre fórmulas químicas e simbologias complexas.
A alquimia na história
Na China, a prática da alquimia estaria associada ao Taoísmo, que é o ensinamento filosófico-religioso chinês. Além da associação à filosofia védica, na Índia, por volta do ano 1000 a.C., que apresenta semelhanças com alguns fundamentos alquímicos. No Egito antigo, era considerada obra do deus Thoth (divindade associada à Hermes Trismegistus. Ainda no Egito, na cidade de Alexandria, a alquimia recebeu influência da filosofia neoplatônica, que se baseia no conceito de que a matéria, apesar de múltiplas aparências, é formada por uma substância única. Esta seria a justificativa para a transmutação almejada pelos alquimistas através da fusão dos quatro elementos fundamentais da Antigüidade: fogo, ar, água e terra.
De qualquer forma, a alquimia floresceu realmente a partir de meados do século VII, quando os povos árabes invadiram o Egito. Assim, o acervo de escritos alquímicos foram traduzidos para os idiomas árabes e sírio. Aproximadamente 300 anos depois, em meados do século X, os mulçumanos introduziram a alquimia no continente europeu, mais precisamente, através da península ibérica, na Espanha.
No século XIII, o conceito de quatro elementos primitivos e geradores da natureza (água, fogo, terra e ar), foi substituído pela idéia de que havia apenas três elementos básicos: mercúrio, enxofre e sal. O alquimista árabe Abu Musa Jabir ibn Hayyan al Sufi (conhecido como Geber) concluiu que os metais eram gerados no interior da Terra e compostos de mercúrio e enxofre. Acreditava-se que ouro e prata eram compostos de mercúrio e enxofre em sua forma pura. Enquanto os outros metais eram formados com enxofre impuro. Dessa forma, concluiu-se que, se através de um processo adequado, fosse possível "purificar" o enxofre, este poderia facilmente ser transmutado em ouro.
No ano de 1525, surgiu uma espécie de "escola de químicos" fundada por Paracelso. A Iatroquímicos(iatros, do grego, médico) tinha como objetivo principal encontrar um meio de que a humanidade se tornasse totalmente imune às doenças naturais. Porém esta causa poderia também ocultar a intenção de encontrar o chamado Elixir da longa vida. Foi também entre Paracelso e os iatroquímicos que surgiu o conceito de quintessência, que neste caso, seria equivalente ao "elemento divino".
Entre os alquimistas mais célebres da história, destacam-se Tomás de Aquino, Paracelso, Nostradamus, Nicolas Flamel e Francis Bacon. Além do lendário Conde de Saint Germain, que teria encontrado a Pedra Filosofal e o Elixir da longa vida.
A alquimia medieval é a responsável pelas bases da química moderna. Além disso, os alquimistas contribuíram imensamente com a medicina contemporânea e deixaram como legado de alguns procedimentos que são utilizados até hoje, como o "banho-maria" (em alusão à alquimista conhecida como Maria, a Judia). Porém, a maior influência da alquimia encontra-se nas ciências ocultas ocidentais agindo diretamente na sabedoria e natureza humana.
|
1 |